A peleja do Sapo Boi com a Mexerica Rosada ¹



Peço licença ao doutor
Se nenhum incômodo for
Pra contar, nem bem nem mal,
Um caso que se passou
De tristeza e de amor
Na UERN de Natal

É o caso do sapo boi
Que acreditando foi
Que podia conquistar
A mexerica rosada
Que vai viver agoniada
Até a estória acabar

O Sapo era um bicho escroto
Nem muito velho nem moço
Num era bonito nem feio
Era uma troço meio tosco
Dando uma aparência um pouco
Com um Cururu tei tei

O bicho era muito brabo
Destes cabra avalentado
Por qualquer coisa faz um mal
Reclamou de umas crianças
Que por ali, num festança
Comemoravam o natal

Já a Mexerica Bela
Traz todo homem a janela
Na rua que ela passar
Tem os olhos que nem biloca
E um andar que nem fofoca
É capaz de derrubar

Tem um corpo em formosura
Na cabeça sem frescura
Tem ideias de esbanjar
Boto fé que não falseia
Só sendo fia de abelha
Pra tudo nela adoçar

Quando o sapo rei olhou
Os olhos da linda flor
Mostrou-se logo um maioral
Disse que era valente
Cabra rico e influente
Tinha até mesmo um jornal

A mexerica coitada
Quase num entedia nada
Só fazia gargalhar
Mas quanto mais ela sorria
Mas o carcará sentia
Vontade de pelejar

Entrava e saía dia
E a coitada só sofria
Nas garra do petulante
Rogava pra todo santo
até se mudou de canto
Pra fugir do pelejante

O cabelo ela pintou
No rosto se maquiou
Usou lente de contato
Mas de nada adiantou
Pois tinha sempre um delator
Pra avisar ao carrapato

Tinha a Azeitona Amarela
Que só podia ter na goela
Chá de água de chocalho
O Pimentão Arroxeado
que tinha cara de malvado
de jogador de baralho

Até esse que vos fala
Não contive a minha fala
E a entreguei também
Mas prometi que na vida
Se tiver outra saída
Jamais entregar ninguém

E o tempo foi passando
Até que surgiu nos planos
Da Oliva Faladeira
De aproveitar o clima
Das festanças natalina
Pra marcar uma brincadeira

E no dia combinado
Não sei por quem convidado
Chega lá o Tal anfíbio
E a azeitona louca
E olhe que já tinha pouco
Perde o resto do juízo

Num sei se foi por inveja
Por ser ruim ou por ser lesa
Que a maldade cometeu
Anotou nome e telefone
Entregou nas mãos do homem
E o desgraçado agradeceu

Daquela hora em diante
A peleja foi constante
Num parou um só momento
Esse fato transformou
A vida da linda flor
Num verdadeiro tormento

Ele ligou ali, na bucha
Parecia que era uma luta
Um caso de vida ou morte
A Mexerica tremia
Soluçava que doía
De vê-la naquela sorte

Mas a cena mais marcante
Eu diria até chocante
Prum homem naquela idade
Foi no dia do presente
Que ele sorteou com a gente
Qual um gesto de bondade

Um livro ele ia doar
Mas sei que só ia parar
Quando fosse sorteada
O alvo de sua cobiça
Nossa doce mexerica
E ela foi premiada

Ele chamou a flor mais bela
Como quem coça a goela
A esperar a sobremesa
Já vei com os beiço estirado
Com os dois braço alevantado
Como quem beija uma princesa

E a tangerina linda
Como quem foge da berlinda
Ou de um monte de bosta
Fez cara de nojo e medo
Pegou com as pontas dos dedos
Virou e saiu de costas


Mas igualzinho a um carrapato
O calazar pegou no braço
Da coitada que fugia
E quanto mais ele puxava
Mas ela se estrebuchava
Torcia e se contorcia

Até que talvez por pena
Ou para abreviar a pena
Aliviar seu sofrimento
Ela amoleceu o corpo
E ofereceu seu rosto
Pra aceitar o cumprimento

Mas num tem um só cristão
Que nessa situação
De vergonha num pereça
Eu mesmo fiquei vermelho
Ainda procurando um meio
De enterrar a cabeça

E assim foi se passando
E a desgraça pelejando
Chega já perdi as contas
Das vezes que o tal sapão
Tentou encosta a mão
E recebeu uma afronta

Mas tem gente que num enxerga
Que quando uma mulher nega
Assim tão determinada
Você pode ter dinheiro
Roupa, carro estrangeiro
Que num vai servir pra nada

Por hoje vou terminando
Mas já já estou voltando
Para com vocês falar
Da estória do Sapo Boi
Que da mexerica foi
A pedra no calcanhar.
1. Esta é uma obra de ficção, qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência
Aílton Torres Câmara




Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Bacalhau de Segunda

Tapando o sol com grades de aço.