Dona do meu ser.


..........Normalmente não gosto de explicar poesia, mas, devido a alguns questionamentos, resolvi fazer um comentário. Percebi que a explicação nesse caso engrandeceria em vez de vulgarizar o poema.
..........Este texto foi escrito sob encomenda de uma grande amiga, que solicitou um "hino" para ajudá-la a passar por uma fase difícil, pra ser mais preciso, uma complicação com um relacionamento de mais de 5 anos. Pediu um poema que "levantasse" sua auto-estima, mas que não fosse apelativo nem religioso. Um hino é para ser cantado, por isso resolvi escrevê-lo em primeira pessoa e, como era para uma amiga, com o "Eu lírico" feminino. A princípio escrevi um canto direcionado a uma terceira pessoa, segunda do ponto de vista da "personagem", por isso era cheio de "tu", "te" e "ti". Percebi que não seria de grande valia o "diálogo" e removi essa "pessoa" do texto, restando uma conversa com seu íntimo, ou um grito aos ventos, sem direção nem sentido. Fiz isso porque acho que o primeiro passo para resolver qualquer crise existencial ou essencial é uma auto avaliação. O segundo é o auto convencimento. O primeiro passo precisaria de informações que eu não dispunha, por isso fui para o segundo passo. Esse "grito" é de convencimento e de libertação. A felicidade é coisa muito importante para ser terceirizada, é trabalho individual. Corre-se um risco muito grande quando se entrega essa responsabilidade a outra pessoa. Qualquer outra explicação a mais seria desnecessária ao entendimento e ao sentimento do poema. Ei-lo.


Dona do meu ser


Não quero ser mais uma nessa vida.

Não quero aquela vida mais em mim.

Não quero ser uma voz na despedida.

Perdida, sem perdão ou algo assim.


O meu mundo não precisa mais do gosto

De um corpo que não saiba o que é amar.

Só preciso da minha luz para o meu rosto.

E essa força já me basta pra sonhar.


Não sou mais uma linda flor desguarnecida.

Não me rendo a qualquer lâmina voraz.

Não sou mais dor, nem, do amor, sou mais ferida.

Não sou muleta, não sou má, mas sou capaz.


Agora o vento não me traz mais sofrimento.

Agora o tempo não faz falta para mim.

Agora posso, e sou, feliz neste momento.

E para sempre, sempre sempre, sempre enfim.


O meu corpo só precisa do meu sangue.

Outros prantos não terminam mais em mim.

A tristeza não sacia mais minha fome.

Não verão meu soluçar, nem o meu fim.


Não haverá dentro de mim qualquer espaço,

Para fracos, para frascos, falso amor.

Removerei qualquer sorriso de fracassos,

Pois não quero mais passear com minha dor.



Ailton Torres Câmara – Setembro de 2005


Comentários

Andréa Francos disse…
Hunmm....Bom!
Além de escrever crônicas eh um poeta!!
Deveria juntar todas(as feitas sob encomenda e as de outrora),q devem ser muitas eu creio, e fazer um livro!!

ValeWW!!

P.S. E a minha?ainda lembra?
Andréa Francos disse…
Perfeitooo!!

Sem maiores comentarioss...

=****
Mislainy M. disse…
Adorei. Achei muito lindo :)

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