Mágoas de um Sonhador Verdejante

..........Não! Caros amigos, não estou com minhas faculdades mentais em eclipse. O título é uma brincadeira com um fato recente na vida deste estagiário da literatura que vos escreve. Há cerca de um mês, um colega deixou um comentário, que culminava com um pedido, no meu blogue "Um Sonhador de Pé no Chão". Óbvio que não vou transcrever o curioso documento, nem citar nominalmente o autor de tal prosopopéia [Sentido figurado, por favor]. Sim, o texto era empolado, perfumado e rebuscado. No entanto, chego a crer que o empolamento era devido a uma provável alergia ao perfume barato utilizado, que talvez tenha sido re-buscado no Paraguai. Era uma construção absolutamente descompromissada com a semântica, tal qual uma releitura de "escravos de jó" para um público intelectualóide.
..........Para minha comoção, lembrei que textos assim não são uma exceção à Pregadeira Verdejante_Blog regra em nossa literatura informal. Muitos "escritores" intoxicam nossa tão bela língua brasileira. Eu alternava entre riso e choro. Ria daquela construção, que se assemelhava a uma casa muito bem projetada, construída e pintada, todavia suas portas não se abriam, inutilizando-a para o fim a que se destinava, condenando-a a permanecer para todo o sempre sem conteúdo.  Chorava ao perceber que eu não conseguiria absorver o que ele quisera transmitir.
..........Não obstante, jamais poderia aceitar [aprovar] e deixar ali publicado aquele comentário, expondo-o ao ridículo. Ficaria ele magoado por eu não aceitar[aprovar] tão singela homenagem? Para se ter uma idéia, ele referia-se a mim como "O Sonhador Verdejante" [beirando a bajulação]. Não sei se  chamava-me assim por achar que eu possuo a capacidade de me tornar verde tal qual o cientista banhado por raios gama dos quadrinhos; talvez de colorir as coisas que toco, como um Midas que, em vez de ouro, transformasse tudo em esmeraldas; quem sabe um guerreiro do 265461 Green Peace?; talvez... Desisto!
..........Bom, aí veio o pedido. Foi a entrada providencial de "Juninho play",  bem na hora em que a donzela iria ser atacada pelo "Edu Papão" [Analogia paupérrima]. Ele pedia que escrevesse um texto para entregar a uma "boy" que despertara seu interesse, mas que não correspondera ao afeto por ele demonstrado por "diversas outras tantas vezes". [ainda me perguntei se isso era proposital...] Por quê o pedido foi a salvação da lavoura? Simplesmente porque eu perguntei-o se era para deixar o seu pedido exposto, correndo o risco de um dia ela ler e pensar mal sobre ele [Em verdade, descobrir sua incapacidade literária, de forma abrupta]. Estava feito o desdobro, mais ainda restava a dúvida: Escrever ou não escrever? Eis a questão! Escrevi-lo. Fi-lo usando algo próximo, mas com sentido, ao estilo [ou a falta dele] do requerente. Ei-lo:

..........Natal, 06 de Setembro de um ano qualquer.

..........Querida e admirada Consuelo¹,

..........Escrevo-te estas tão bem aventuradas linhas, constantes nesta missiva, que entrego-te junto com meu músculo cárdio, para que possas abstrair dela um elixir da felicidade, capaz de curar essa pungência em meu ser, quase etéreo de saudade, cuja alma clama por ti, qual náufrago ao socorro.
..........Tua beleza insuplantável, estonteantemente abnegada e superlativa, causa-me incomparável e quase insuportável fulgor.
..........Tenho, minha ofuscante e bela amada, convicção plenamente consciente da tua quase tangível tendência à falta de interesse por esse sonhador que te dirige tão singelo e resignado apelo. Porém, exuberante orquídea, meu peito lacerado, no recôndito mais profundo, inquietantemente vislumbra um lampejo de esperança.
..........Aspiro, linda obra de Deus Pai, que teu nobre coração, sempre pronto a caridade, se compadeça da ardência em meu peito e permita que meu desejo sopre a brasa adormecida, sob as cinzas do passado, que um dia fez-te amar-me. Abra as portas da tua alma para que eu possa te trazer a mais perfeita alegria que o amor pode proporcionar.

..........Espero resposta,

..........Do sempre seu, incansável e incorrigível,

..........Pepeu.
_________________
¹ Os nomes contantes na carta são, obviamente, fictícios.






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