A última brisa da primavera...

Sou um homem de poucos ídolos. Sempre foi assim. Talvez isso advenha da minha fase anarquista e meio iconoclasta (na acepção moderna da palavra). Tentei fazer uma lista rápida de pessoas das quais me considero fã e não enchi nem os dedos de uma mão (Considerando apenas as pessoas "famosas"). Claro que se eu me esforçar, e for menos rabugento, eu consigo enumerar mais pessoas pelas quais tenho uma profunda admiração. O fato é que sempre busquei pés-de-barro nos candidatos a ídolos e na maioria absoluta das vezes os encontrei. Ainda não sei se isso é fruto da minha rabugice ou se eu me enquadro no grupo de pessimistas crônicos. Enfim, eu faço essa reflexão há mais de vinte anos e venho desde então aumentando gradativamente a minha auto aceitação social.
A verdade é que as pessoas vivem da fé. Ou você acha mesmo que a maioria das pessoas que dizem ser Einstein o maior de todos os cientistas do século vinte sabem mesmo quem foi ele? As pessoas compram a ideia e pronto. Nunca leram nada além de uma biografia bem superficial, o resto é fé. "Posers"? Acontece com a maioria dos ídolos cult. Quando alguém morre então, vira febre na net. Todo mundo vira fã número um. Bom, isso não é de todo o mal se as pessoas passarem do modismo e  aprofundarem-se realmente nas ideias que o finado deixou enquanto vivo.
Ontem foi um desses dias. Deu no New York Times: "Oscar Niemeyer morre as 104 anos". Faltavam 10 dias para completar 105.
Eu virei fã de Niemeyer aos poucos. Primeiro ele conseguiu meu respeito quando eu vi seu nome ser citado de filmes de Hollywood a documentários do History Channel, sempre com um respeito impressionante. Depois eu li uma reportagem que contava como ele foi exilado pela ditadura e proibido de entrar nos EUA, mesmo tendo contratos para projetos por lá. Por fim, quando assisti ao documentário "A vida é um Sopro" (Trailler para os impacientes), passei a admirá-lo.
Fiz um exercício que costumo fazer sempre que temos algum acontecimento importante no Brasil, afim de visualizar nossa relevância para o resto do mundo: abri os sites dos jornais mais importantes do mundo. A notícia da morte de Niemeyer estava em jornais de todos os países mais importantes,  alguns com grande destaque. Guardian, El mundo, BBC, Corriere, El País, La Nacion, etc...
Muita repercussão para um comunista convicto, não?
Não há tristeza no ar, há apenas respeito, admiração e agradecimento.
"A vida é um sopro. Morreu..."


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